A onda de tombamento de imóveis criou um novo mercado na cidade, o de restauração. Desorganizada e desconhecida, a atividade exige vários tipos de profissionais e é vista pelos proprietários, ávidos por orientação, como sofisticados e caros.
“Nem sempre”, garante o restaurador Antonio Luiz Ramos Sarasá Martin, coordenador técnico do curso para zeladores patrimoniais urbanos, que forma mão-de-obra especializada (veja texto ao lado). O curso ensina, por exemplo, a refazer aquela moldura da janela esculpida em argamassa, assentar piso de caquinho, e principalmente, identificar a patologia e a verdadeira solução para cada caso. “É errado, por exemplo, impermeabilizar paredes de casas antigas, de taipa ou tijolos. Tinta acrílica e massa impermeabilizante só funcionam nas novas construções” explica Martin.
Nas casas antigas, a umidade sobe pelas paredes por capilaridade, pelas fundações não impermeabilizadas. “Já vi casos em que chegou a 2 metros. A pessoa impermeabiliza a parte afetada e a água vai subindo por dentro.” Martin ensina a refazer o revestimento com argamassa e pintura de cal, “para que a parede volte a transpirar. Caso contrário, o tijolo apodrece e se desfaz.”
Em alguns casos é preciso pesquisa mais apurada. “Na casa do administrador do Parque da Luz, por exemplo, fizemos vários testes até chegar à argamassa usada, na época, nas paredes externas”, conta Clara Kodaira, arquiteta da construtora Tarumã. Em casos assim, a contratação de empresas especializadas é essencial.
PREVENÇÃO
A principal recomendação para quem vive em um imóvel tombado é nunca deixar pequenos reparos para depois. “Evita consultas ao DPH (Departamento do Patrimônio Histórico), obrigatórias se tiver que refazer alguma coisa”, ensina Martins.
A limpeza de ralos, forros, calhas, tubulações e a manutenção dos sistemas hidráulico e elétricos também são essenciais, assim como o controle de infestações (ratos, baratas e insetos em geral). “Insetos e pequenos animais destróem peças.” Não faça camadas sobrepostas de tinta nas janelas. Elas podem emperrar e acabar com as ferragens quebradas.
Mirthes Baffi, diretora da Divisão de Preservação do DPH, diz que o ideal é buscar as características originais, e a planta pode facilitar isso. É possível consegui-la no Arquivo Histórico se tiver sido construída até 1920, e no Arquivo Geral da Prefeitura desta data para frente. A data de construção, em geral, está na escritura da casa.