Estima-se que os cerca de 600 cartórios existentes em todo o Ceará consomem 15 milhões de folhas de papel por mês. Em um ano, o número chega a 180 milhões de folhas. De olho na responsabilidade ambiental, a Associação dos Notários e Registradores do Ceará (Anoreg-CE) assinou ontem, na sede da entidade, um protocolo de intenções para estimular o uso de papel reciclado no dia-a-dia dos cartórios. O projeto celebra o Dia da Árvore, comemorado hoje, 21 de setembro. Apesar de ser mais cara, a adoção do papel reciclado tem o objetivo de conservar a natureza, já que o papel convencional advém da transformação industrial da madeira.
Para o presidente da Associação dos Notários e Registradores do Estado do Ceará (Anoreg-CE), Jaime Araripe, além da responsabilidade ambiental, o uso do papel reciclável tem também uma dimensão social, porque o processo de produção do reciclado gera renda para catadores de lixo. Como o papel reciclado é mais caro, a Anoreg firmou parceria com uma empresa distribuidora em Fortaleza, que fornecerá esse papel pelo mesmo preço do comum. Conforme Araripe, alguns cartórios adotarão o reciclado de imediato, enquanto outros podem passar ainda de dois a três meses com o convencional, até que se esgotem os estoques.
No intuito de incentivar a adesão dos cartórios, a Anoreg adotará o selo Cartório Amigo da Natureza, que será concedido aos estabelecimentos que aderirem ao projeto. O selo poderá ser impresso nos papéis em que os estabelecimentos expedem documentos diariamente. “Os cartórios estão recebendo (a idéia) de maneira positiva. Há uma adesão importante”, disse. Estiveram presentes na Anoreg representantes dos vários segmentos dos cartórios: títulos e documentos, distribuição, registro civil, protesto, registro imobiliário e tabelionato de notas.
Para Araripe, a medida é pioneira em todo o País e pode incentivar associações notárias, outras empresas e entidades a adotarem o papel reciclado. A idéia é que outras ações sejam realizadas após essa. O próximo passo é estimular os cartórios a doarem as sobras dos papéis a associações de catadores de lixo, auxiliando a rede de reciclagem. A Anoreg já está fechando parceria com uma entidade de Fortaleza que passará a receber as doações.
Em Pacatuba, já existem iniciativas isoladas de consciência ambiental. O titular do 1º ofício da Comarca de Pacatuba, Alexandre Alencar, garante que as sobras de papel na Comarca não vão para o lixo. “Eu, particularmente, trituro todo esse papel, ensaco e encaminho para empresa de reciclagem há dez anos”, disse. De acordo com ele, no Interior, estão todos engajados para que a ação se estenda a todo notário e registrador do Ceará. “Essa ação vai ser um diferencial muito grande para a gente. O acordo vai estimular o uso do papel reciclado. Se o cartório faz parte, o usuário vê o selo no papel”, explica.
NÚMEROS
180 milhões é a média de folhas de papel utilizadas por ano em cartórios do Ceará
Fonte: O Povo – CE