A crise imobiliária nos Estados Unidos, principalmente no segmento de “subprime”, aquele especializado em empréstimos imobiliários para pessoas com histórico de crédito ruim, abalou não só as bolsas americanas mas no mundo todo. Apesar de o sistema de financiamento de imóveis dos Estados Unidos guardar diferenças em relação ao brasileiro, a abundância de crédito no país, inclusive para aquisição de imóveis, levanta a polêmica sobre a capacidade do brasileiro de saldar no médio prazo os empréstimos tomados. Para não fazer parte desta triste estatística é fundamental que o comprador do imóvel faça uma boa pesquisa sobre as taxas e as condições oferecidas pelos bancos e pondere suas reais condições de comprometer parte da renda mensal por longos anos. O consultor Erasmo Vieira, da Planner Finanças Pessoais, alerta para o otimismo exagerado e a impulsividade na hora de fechar um contrato.
“É preciso ter cuidado para não transformar o sonho da casa própria em pesadelo”, afirma Vieira. “É comum ver casais com filhos na idade entre 10 e 15 anos optarem por financiamentos de 20 anos. No curto prazo os filhos estarão na universidade e as despesas com educação terão impacto no orçamento familiar. É preciso calcular se as parcelas do imóvel vão caber neste novo orçamento, que ficará mais apertado.”
Recomendações
Para evitar que isso aconteça, o consultor em finanças pessoais sugere que se financie o menor valor possível, no menor prazo possível. O diretor-executivo de pesquisas econômicas da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel Ribeiro de Oliveira, recomenda que as prestações mensais não ultrapassem 25% da renda do mutuário. “Quanto menor o comprometimento da renda do mutuário no financiamento, maior será a facilidade no financiamento e menor será o risco dele ficar inadimplente no futuro”, explica. “O contrário também é verdadeiro. Quanto maior for o comprometimento maior o risco de inadimplência”, conclui.
O advogado especialista em direito imobiliário Pedro Cortez, do escritório Koury Lopes Advogados (KLA), afirma que cada vez mais são freqüentes os financiamentos imobiliários feitos por contratos de alienação fiduciária.
Neste tipo de acordo, o credor toma o próprio bem em garantia, de forma que o comprador fica impedido de negociar o bem com terceiros. No entanto, o comprador pode usufruir do bem. A propriedade definitiva, atestada pela escritura, só será transmitida após a liquidação da dívida e o comprador fica impedido de negociar o bem antes da quitação da dívida, apesar de poder usufruir dele.
“No caso de inadimplência no pagamento das parcelas, o imóvel vai a leilão. O dinheiro arrecadado servirá para pagar primeiramente o credor e o que sobrar vai para o mutuário”, afirma Cortez.
(Ana Cristina Góes e Solange Guimarães – Especial para a Gazeta Mercantil)
