Titular do cartório, Roberto José Medeiros já foi delegado de Polícia e começou sua carreira no extrajudicial em 1995, quando foi aprovado para assumir serventia em Rio Verde de Mato Grosso do Sul
Quarenta e uma máquinas de escrever emitiam em uma sala fechada o som dos dedos dos candidatos ao primeiro Concurso Público para Outorga e Delegação de Serviços Notariais e Registrais do Estado de Mato Grosso do Sul. Dentre os 41 candidatos, em meados de 1995, estava Roberto José Medeiros, que pretendia assumir a titularidade do Registro Civil e Tabelionato de Notas de Rio Verde, município sul-mato-grossense.
Depois de ser aprovado em primeiro lugar na prova objetiva, Medeiros também conseguiu passar em primeiro lugar na prova de datilografia, mas acabou sendo rebaixado para o terceiro lugar na prova de Títulos e ficou fora da disputa pela vaga.
Alguns dias depois, quando precisou ir até o 3º Ofício de Campo Grande (MS), o então delegado de Polícia, Roberto Medeiros, foi avisado por um funcionário que seu nome havia sido publicado no Diário Oficial por conta da desistência ou impedimento dos demais candidatos assumirem o cartório em Rio Verde.
“A primeira classificada era uma funcionária de Naviraí, que falou para o juiz de Rio Verde que só poderia ir uma vez por semana. O juiz disse que oficial de registro tinha que estar lá 24 horas por dia. Aí ela abriu mão. Então, nomeou o segundo classificado que era um assessor do Tribunal de Justiça. Ele casou e ganhou uma lua de mel para a Europa. Depois de 30 dias, como ele não assumiu, eu, como terceiro colocado, acabei sendo nomeado”, relembra Medeiros.
Depois de anos trabalhando em Rio Verde – chegando a ser presidente de associação de classe – e lutando por mais condições para o cartório e os habitantes da cidade, em 2005, o oficial prestou prova para remoção no 2º concurso para cartório de Mato Grosso do Sul, sendo mais uma vez aprovado em primeiro lugar e assumindo um cartório em Ivinhema como oficial de registro de imóveis.
Alguns anos depois, em 2011, Roberto José Medeiros finalmente prestou prova para o terceiro concurso para cartório de Mato Grosso do Sul, passando novamente em primeiro lugar e escolhendo o município de Três Lagoas para atuar como tabelião.
Três Lagoas
Foi ainda em 2011 que Roberto José Medeiros se tornou tabelião de Notas e Protesto do 3º Serviço Notarial e Protesto de Títulos de Três Lagoas (MS).
Próximo de completar 70 anos, data que será comemorada em 2025, o Cartório comandado por Medeiros está localizado na principal rua de Três Lagoas, que é a Rua Paranaíba, conhecida como Rua dos relógios.
Com uma área de mil metros quadrados, Medeiros manteve o prédio verde como a principal entrada da serventia, conseguindo distribuir as atribuições dos cartórios em mais dois prédios anexos.
“No prédio principal, eu atendo o público, quem vem para fazer um protesto, um reconhecimento de firma, autenticação. O outro prédio ao lado realiza escrituras, procurações, inventários. Nele, eu descentralizo o trabalho, não tem balcão, e a pessoa é atendida na mesa por um dos meus colaboradores. Depois que a pessoa é atendida, eu tenho uma ilha onde é lavrado esse termo”, explica Medeiros.
“Nós garantimos a qualidade jurídica dos documentos. As pessoas dizem que não gostam de ir ao cartório porque tem fila, mas no meu não tem fila para nada. Você faz escritura, procuração, protesto, tudo na hora. Eu tenho muitos funcionários. Às vezes, chega três horas, o funcionário está de braços cruzados, mas eu prefiro permanecer assim. No meu caso, eu tenho um fluxo diário entre 300 e 500 pessoas por dia”, complementa o ex-delegado de Polícia.
Ainda de acordo com o delegatário, o Tabelionato tem um grande estacionamento gratuito que pode comportar até 15 carros estacionados, além de ser altamente sofisticado e equipado com computadores e equipamentos de última geração.
Três Lagoas cresceu muito rápido porque ela tem as duas maiores celuloses do mundo: a Eldorado e a Suzano. Na época que Medeiros assumiu o cartório, o município tinha cerca de 80 mil habitantes, mas hoje abriga cerca de 120 mil pessoas.
Além disso, a cidade é responsável por um dos maiores Produtos Internos Brutos (PIB) do Estado de Mato Grosso do Sul, qualidade que Medeiros atribui à busca desenfreada para a exportação da celulose, oriunda das pastas extraídas dos eucaliptos.
“Se tiver uma pesquisa em Três Lagoas sobre qual é o cartório mais eficiente, a gente ganha de lavada dos colegas, embora eu goste muito dos meus colegas. Todos meus colegas têm um espaço muito pequeno para trabalhar. Além do fato de eu ter sido delegado de polícia, em que eu já tinha muitos problemas de atendimento dos meus funcionários. Eu já tinha uma revolta com essa situação, mas agora eu faço o melhor atendimento, sem fila nenhuma aqui no meu cartório”, relata orgulhoso o tabelião.
