Uma boa e má notícias foram publicadas na edição de sexta-feira última do O POVO. “Árvores são cortadas no Parque Rio Branco” (Editoria Fortaleza, página 6) e “Cartórios vão usar papel reciclado” (Fortaleza, página 8). No primeiro texto, o mais inexplicado é que o corte de quatro espécimes aconteceu na última terça-feira, 18, nas vésperas da data oficial de maior tradição do País para o Dia da Árvore, 21 de setembro. Nos últimos anos, a celebração foi flexibilizada, dependendo de florações nos ecossistemas de cada região brasileira, variando, portanto, de calendário nos vários municípios ou estados.
Uma fonte da Prefeitura de Fortaleza consultada pelo O POVO adiantou que havia o risco no Parque Rio Branco das quatro árvores caírem, uma quantidade mínima se for levado em conta que, no mesmo logradouro, se erguem, 500 exemplares arborícolas. Contudo, em sociedades do Primeiro Mundo, onde os países desenvolvidos têm exemplos positivos, quando um exemplar é sacrificado por perigo de queda, se procura plantar outro da mesma espécie.
Além disso, uma iniciativa desse tipo, mesmo bem-intencionada, pode motivar efeito dominó, como um desmatamento descontrolado por falta de orientação. Também se recomenda que árvores devem ser constantemente vistoriadas por botânicos e outros especialistas para que sejam tomadas as devidas providências.
Mas, um esforço digno de mérito é o protocolo de intenções assinado na última quinta-feira pela direção da Associação dos Notários e Registradores do Ceará (Anoreg-CE) para incentivar o uso do papel reciclado no dia-a-dia dos cartórios. O protocolo também é decorrente dos festejos do Dia da Árvore.
Cartório sempre foi sinônimo de papel, o local onde se obtêm títulos e documentos, registros imobiliários e civis, protestos e outras exigências previstas na burocracia brasileira, incluindo certidões de nascimento, casamento e de óbito: ou seja, a biografia tanto de famosos quanto de anônimos.
Falta um levantamento no País do cálculo de quantas árvores foram cortadas com o objetivo de se fornecer papéis-virgens para cartórios. Por outro lado, esses estabelecimentos, cerca de 600 no Ceará, são, igualmente, grandes produtores de papéis descartados, que podem agora retornar para os mesmos endereços, já reciclados e prontos para reutilização.
No cartório do 1º ofício da comarca de Pacatuba, há 10 anos, sobras de papel são trituradas, ensacadas e encaminhadas devidamente para a empresa de reciclagem. Isso já é um bom exemplo. Mas, a solução passa, primordialmente, pela educação ambiental. É o caso de se conscientizar os carvoeiros, cuja matéria-prima no Ceará é proveniente até de municípios com caatinga. Num Estado característico do Semi-Árido, o sacrifício da mata que mais o identifica contribui para a desertificação, o que pode provocar danos irreversíveis.
Contudo, também se deve manter preocupação com pulmões verdes que, no território cearense, são as cabeceiras setentrionais da Mata Atlântica, nos maciços de Baturité e da Ibiapapa. Ou então a Floresta Nacional do Araripe, na divisa meridional do Ceará com estados vizinhos, que contribuiu para celebrizar aquela região como um oásis com entornos que são ciclicamente ameaçados por estiagens assustadoras.
Fonte: O Povo – CE
