Funcionários do Registro Civil se negaram a escrever um nome indígena escolhido pelos pais para sua filha de dois anos, com o argumento de que o sistema de registro informatizado recusa os caracteres.
O casal da etnia “hñahñu”, que mora no estado de Hidalgo, centro do país, não conseguiu registrar sua filha de dois anos como Doni_Zänä (Luz de Lua, na língua dessa comunidade), o que o levou a recorrer na Suprema Corte para validar o nome desejado.
José Antonio Bulos, diretor do Registro do Estado Familiar, disse lamentar que o sistema informático, modificado em 1999, recuse a trema e o sublinhado, necessários para o registro de sua filha.
A rejeição inicial ocorreu na municipalidade de Tepeji del Rio, onde vivem César Cruz e Marisela Rivas, pais da menina. Em seguida, o casal viajou para a cidade vizinha de Tula e depois para Pachuca, capital da província, mas em todas elas o registro não foi aceito.
Agora, diante da insistência das autoridades para que escolham outro nome, o casal decidiu enfrentar uma batalha na Suprema Corte, para que seu pedido seja atendido.
“Não é um capricho, é uma luta, porque temos o direito de preservar nossa língua, tradições e costumes, e porque minha filha tem o direito de ter um nome”, disse Cruz.
O pai da menina, que comercializa flores, acusou as autoridades de intolerantes e racistas.
Alejandro Straffon, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Estado, denunciou a violação das garantias individuais da criança, assim como da Convenção dos Direitos das Crianças.
Fonte: Jornal do Brasil – RJ