EXEMPLO DE VIDA!
Meio século de bons serviços notariais
ROSA MIYASATO (71): advogada pós-graduada em Direito Civil e Empresarial, formada em Pedagogia e Lincenciatura. Cartorária há 50 anos em Bandeirantes, concursada. Foi a primeira vereadora nissei do Estado; ex-presidente da Câmara Municipal de Vereadores da cidade, recebeu o reconhecimento à edição patrimônio da humanidade pela conservação dos monumentos culturais. Ex-prefeita, fundadora do Encontro do Laço Cumprido de Bandeirantes, e construiu a primeira creche da cidade com recursos próprios. Foi entrevistada quarta-feira (23/03) no programa BOCA DO POVO da Super Rádio DIFUSORA (AM-1240KHz), lhe foi prestada justa homenagem pelas suas ‘cinco’ décadas de Serviço Notarial sem mácula em sua trajetória profissional, tornando-se um dos bons exemplos de vida e profissionalismo dentro do Judiciário em nosso Estado.
Boca: Como foi exercer apenas uma profissão por meio século?
ROSA – “Realizada e feliz por Deus ter me agraciado com essa profissão, e por ter chegado aos 50 anos de bons serviços gozando de muita saúde e plenas realizações. Tive a honra de receber cumprimentos do CNJ – Conselho Nacional de Justiça -, e tudo isso devo à persistência naquilo a que me propus fazer”.
Boca: Sua vida foi de desafios: pessoais e profissionais…
ROSA – “Quando assumi o Cartório de Bandeirantes tinha apenas a 7ª Série. Lutei, batalhei e fui nomeada interinamente em 1966. Em 1968 fiz concurso e passei em segundo lugar no Estado. A Constituição da época não exigia escolaridade, mas continuei estudando, mesmo morando aqui. Comprei um fusquinha e ia para Campo Grande cursar o Segundo Grau, depois cursei Direito, Pós-Graduação e aqui estou”.
Boca: A senhora viu Bandeirantes nascer?
ROSA – “Sim, e as cidades à nossa volta também. Da então recém-criada ‘Colônia de Jaraguari’ em 1965, nascia o município de Bandeirantes. Um ano depois me tornei Cartorária. Enfrentamos todas as dificuldades da época, mas valeu à pena. Se fosse preciso faria tudo novamente”.
Boca: Eram tempos difíceis?
ROSA – “Como tudo aquilo que começa. Não tínhamos energia elétrica, água encanada e nem Correios. Ruas de chão batido e poeirentas. Mas um povo bravo resolveu construir a cidade. Essa transformação veio com o tempo. Poderíamos até estar melhores, mas o crescimento das cidades é cíclico, e continuaremos acreditando que dias melhores virão”.
Boca: Dá para fazer um paralelo entre a Bandeirantes de ontem a de hoje?
ROSA – “Perfeitamente. Pessoalmente traçei meu objetivo e realizei meu sonho. Cheguei aos 71 anos com a vida organizada. Não fiquei rica financeiramente, mas sou milionária com os bons amigos que cultivei e com muita saúde. A Bandeirantes de hoje poderia estar bem diferente. São Gabriel do Oeste, desmembrada daqui há pouco mais de 35 anos explodiu em crescimento. Embora nossa cidade possua toda infraestrutura e está preparada para crescer, acabamos ficando para trás. Mas sou otimista com o futuro e acredito que ainda recuperaremos o tempo perdido”.
Boca: O que a senhora fez ou ajudou fazer por sua cidade?
ROSA – “Participei ativamente das mudanças, como por exemplo, a Indústria Santa Maria aqui se instalou quando éramos a maior ‘bacia leiteira’ do estado. Beneficiava 135 mil litros/dia. Há 30 anos doamos os terrenos onde ela está instalada e viabilizamos sua documentação. É a única indústria sólida da cidade. Depois batalhamos pelo Fórum, pois dependíamos de Campo Grande e hoje temos um Poder Judiciário completo, o que muito nos honra”.
Boca: Mas existem outras realizações…
ROSA – “Trouxemos o Sindicato Rural e isso me obrigou ir em Brasília ‘duas vezes’ para conseguir a ‘Carta Sindical’. Hoje ele funciona em sede própria. Fundamos o ‘Clube do Laço’ e anualmente esse esporte rural movimenta a cidade. É um dos melhores do Estado. São algumas das muitas realizações que empreendemos”.
Boca: O Conselho da Criança foi uma luta brava…
ROSA – “Conselho da Criança: construí uma creche, com meu próprio dinheiro e a mantive. Foi uma luta bonita. Quando saiu o Estatuto da Criança, já fiquei de olho e trabalhei em cima do Conselho da Criança. Cheguei ceder espaço dentro do Cartório para que ele funcionasse. Dividimos o espaço e instalamos um abrigo para – na época -, 11 crianças. Essa luta nunca parou. Lutamos pelo primeiro concurso para o Conselho Tutelar. Elegemos só professores. Foi um exemplo magnífico. Hoje ele funciona em sede própria. Quero consignar o apoio e o empenho do promotor Clóvis Smaniotto. Nossa Igreja é reconhecida como o maior Santuário Estadual Diocesano de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Tudo isso é nossa obra junto com o povo bandeirantense”.
BOCA: Algo mais?
ROSA – “Quero agradecer a oportunidade. Estou emocionada sendo entrevistada numa emissora tão importante quanto a nossa querida e tradicional Rádio DIFUSORA (AM-1240KHz). Agradeço aos que enfeitaram minha caminhada. Enfrentei os desafios sem desanimar e com o coração limpo. Amei o trabalho e me aprimorei e aprendi sempre. Agradeço a todos pela chance, confiança e propósitos que melhoraram nossas vidas. Nas minhas orações diárias peço e agradeço a Deus por todos que enfeitaram minha caminhada, que não seria possível sem essa compreensão e os amigos que estiveram sempre ao meu lado. Como servidora cumpri a Lei, orgulhei e correspondi à confiança que em mim depositaram. E, olhando para a vida aos 71 anos, posso dizer que a humildade e a lealdade forjaram meu caráter como pessoa e como profissional. Que Deus nos abençoe grandemente!”.
Fonte: www.bocadopovonews.com.br